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MIXTURABH- um diálogo sobre arte e diversidade

As diversas artes visuais


Syl Triginelli ingressou na faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aos 17 anos. A princípio, ela não sabia muito bem o que fazer. Apesar de pintar desde cedo, a faculdade trouxe inúmeras outras possibilidades.

Lá, começou a trabalhar com gravuras. Uma técnica complexa que exige muito tempo e paciência. Segundo ela, uma gravura simples demora, em média, três meses para ser produzida.


Para Syl, fazer parte de uma minoria e estar na cena cultural de Belo Horizonte já é muito significativo - Foto: Vanessa Barcelos

A saúde e sofrimento mental são temas recorrentes nas gravuras de Syl. “Como minhas questões de ser Syl têm essa luta contra a depressão, a ansiedade, o borderline, a esquizofrenia, enfim, contra todos os problemas psiquiátricos e psicológicos, eu agreguei isso ao meu trabalho e comecei a pesquisar mais sobre quem sou e sobre quem as pessoas foram”, explica.

Foi assim que nasceu o trabalho Colônias de Fel, série de gravuras e recortes de jornal sobre os manicômios de Barbacena. “A divulgação disso muda a cabeça das pessoas. Ler um jornal é uma coisa. Ler uma imagem feita sobre a notícia do jornal é outra”, diz.



O zine "Colônias de Fel" reúne várias gravuras e recortes de jornais sobre os sanatórios de Barbacena.


A gravurista destaca que, ainda que a faculdade onde estuda seja pública e que os alunos recebam auxílio para custeio de materiais, o ambiente é desigual.

“Você chega lá e vê pessoas que estudaram em escolas alfabetizadas na Waldorf, gente que estudou em Dubai e tem portfólio pronto, outros que já têm três graduações e estão fazendo artes visuais porque se descobriram como artistas recentemente”, conta Sylvia. Além disso, comenta que uma gravura custa, no mínimo, 100 reais, mas que não as vende a esse preço.



Para seu projeto de fim de período, ela fotografou corpos gordos e fez pequenas intervenções com tinta sobre as cicatrizes e marcas corporais das modelos. Com o projeto já aprovado pelo orientador, no dia da exposição, as obras foram censuradas.

 

“Eu tinha 17 anos, estava no primeiro período e tive esse choque de realidade. A arte é isso: as pessoas não querem ver o que você está produzindo”, afirma. O caso foi pauta em vários jornais da capital e provocou muitas manifestações de alunos e professores da escola.

“As pessoas sentiram a minha dor e lutaram comigo. Sou uma pessoa dentro do padrão estético e no momento que me mandaram para tampar os corpos que fotografei, eu consegui me colocar no lugar de quem não é padrão”, conta.


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